Personalidades
Diogo da Fonseca
Era Bacharel em Cânones, filho de Nuno da Fonseca e de Catarina Pires. Foi eleito para colegial a 19 e tomou posse a 21 de Abril de 1579, sendo reitor o Dr. António Mourinho. Morreu moço, sem que se saibam datas mais pormenorizadas.
Baltazar Fialho
Filho de Pedro Mendes e de Inês Fialha, era Legista. Foi eleito para colegial a 18 tomando posse a 19 de Outubro de 1598, sendo reitor o Dr. Constantino Barradas. Despachado para Desembargador da Relação do Porto, desempenhou igual cargo na Casa da Suplicação e dos Agravos, e foi Juíz dos Feitos d'el Rei, Chanceler da Casa da Suplicação, onde serviu durante 9 anos, Regedor das Justiças, usando sempre o Bastão, que era o distintivo daquele importante cargo. Finalmente, foi Desembargador do Paço.
Frei Atanásio de Arronches
Outra referência a um arronchense, é-nos proporcionada por Jorge Cardoso. Trata-se de um frade, Fr. Atanásio de Arronches, e o episódio que o vitimou é descrito sem qualquer alusão a datas. Julgamos que terá ocorrido nos finais do século XVI ou início do século seguinte. Demos a palavra a Jorge Cardoso:
"Na barra da Mina, a paixão de Frei Gaspar e Fr. Atanásio, o primeiro filho de Lisboa e do Convento de Nossa Senhora da Graça da própria cidade; o segundo de Arronches e do Convento de Vila Viçosa, ambos da Eremítica família Augustiniana, os quais sendo mandados pela obediência (tanto que se descobriu) para cultivarem aquela notável Cristandade, e propagarem em tão remotas sua Sagrada Religião. Na boca da barra, indo eles bem descuidados, lhes saiu ao encontro uma nau de força de hereges Rochelenses, e como se pelejasse porfiadamente de parte a parte, rendidos os nossos, deram liberdade a todos os passageiros, excetuando aos dois religiosos, que depois de os açoutarem cruelmente, em ódio da Igreja Romana, foram precipitados ao mar, de onde seus vitoriosos espíritos, laureados com ilustres coroas de martírio, aportaram na segunda pátria da Bem Aventura".
Eis, pois, um religioso de Arronches morto pelos protestantes, e por isso considerado mártir.
Padre Bento de Siqueira
Nasceu em 1588 e professou no Colégio da Companhia de Jesus, em Évora, no ano de 1602 ou 1604. Há autores que apontam uma ou outras datas. Ensinou Humanidades, dirigiu os colégios da Companhia no Provincial do Alentejo em 1655, e esteve presente na oitava congregação da Companhia de Jesus, que teve lugar em Roma.
Bento de Siqueira granjeou enorme fama como orador sagrado, e o Rei D. João IV tinha-o em grande conta. São conhecidas cinco obras de sua autoria, todas impressas, e que passo a enumerar por ordem cronológica com indicação dos locais e oficinas de impressão:
Sermão no Auto de Fé que se Celebrou no Terreiro do Paço d'esta Cidade de Lisboa em 6 de Abril de 1642. Impresso em Lisboa por Domingos Lopes Rosa em 1642, com 14 páginas.
Sermão em Santa Clara de Coimbra, à Primeira pedra do templo que a Real Magestade d'el Rei D. João IV levantou à Rainha Santa Isabel. Impresso em Coimbra por Paul Graesbeack em 1649, com 35 páginas.
Oração Funeral em as honras do Sereníssimo Infante D. Duarte, irmão da Sacra e Real Magestade d'el Rei D. João IV. Impresso em Coimbra na oficina Graesbeackiana em 1650, com 51 páginas.
Sermão na festa do Anjo Custódio do Reino na ocasião em que el Rei D. João IV passou em Alentejo contra Castella. Impresso em Coimbra por Paul Graesbeack em 1651, com 32 páginas.
Sermão de S. Francisco no seu convento da Ponte em Coimbra. Impresso em Coimbra por Paul Graesbeack em 1651, com 31 páginas.
Sermão no Auto da Fé que se celebrou na praça da cidade d' Évora em 27 de Julho de 1636. Impresso em Évora, na Oficina da Universidade, em 1659.
O biliófilo Inocêncio Francis da Silva Escreveu a propósito destas obras: "Possuo alguns destes sermões, que são raros, e se tornam singulares pela contextura da frase de que o autor usava, arredondando os seus períodos por modo tal, que a sua proza se converte facilmente em versos octossilábicos".
Bento da Siqueira morreu em Évora a 20 de Julho de 1664.
Fr. Álvaro de Castelo-Branco
Religioso da Ordem de Santo Agostinho, nasceu em 1619, e era filho de Francisco de Siqueira Pestana e de D. Leonor de Castelo Branco. Professou no Convento da Graça em Lisboa, a 3 de Maio de 1640, contando 21 anos de idade. Teólogo profundo e prestigiado, distinguiu-se como orador sagrado, sendo tido como um dos mais notáveis pregadores do seu tempo. Certamente por esse motivo o rei D. Afonso VI nomeou-o pregador da sua capela. O regente D. Pedro indicou-o para desempenhar os cargos de arcebispo de Goa e Bispo de Portalegre, cargos que Álvaro de Castelo-Branco recusou, e este gesto foi interpretado pelos seus contemporâneos como um louvável exemplo de humildade.
Deixou em manuscrito alguns livros de Teologia, que se conservavam no século XVIII na livraria do Convento da Graça. Eis a sua relação:
Cursos Theologicus
De Praedestinatione
De Sacramentis in genere etin Special
Synopsis in Universam Theologiam Speculativam et moralem
Morreu no Convento de Santo Agostinho a 28 de Fevereiro de 1668.
Francisco Aranha
Igualmente membro da Companhia de Jesus, nasceu em 1603, sendo filho de Rodrigo Aranha e de Catarina Lourenço. Entrou para a Companhia em Évora, a 24 de Dezembro de 1618, completando o noviciado na Casa da Cotovia em Lisboa. Regressou posteriormente a Évora onde estudou Retórica, até 1622, e Filosofia durante os anos de 1622 a 1625. Nos Açores ensinou Latim no Colégio de S. Miguel. Concluiu os estudos de Teologia em Évora de 1633 a 1635, fazendo o 3º ano de provação em Lisboa, e ordenou-se presbítero. Foi Lente de Filosofia na Universidade de Évora de 1636 a 1640 regendo durante alguns anos a cadeira de Moral, sendo também professor de Retórica. Perfeito dos estudos no colégio das Artes de Coimbra, e permanecendo igualmente algum tempo no Porto, desempenhou ainda o cargo de Reitor do Colégio de Elvas da Companhia de Jesus de 1652 a 1655, onde, por sua influência se introduziu a água, concedida pelo Senado daquela cidade. A sua ação como pregador foi notória. Morreu a 16 de Maio de 1677 em Évora, deixando uma obra vasta que passamos a enumerar:
Deixou em manuscrito alguns livros de Teologia, que se conservavam no século XVIII na livraria do Convento da Graça. Eis a sua relação:
Obras impressas
Comentário a Virgílio no qual se explicam os lugares mais dificultosos do Poeta, Oficina da Universidade, 1657; 2ª edição, Lisboa, 1668.
Sermão Pregado em S. Geão de Lisboa estando o Santíssimo exposto pelo feliz sucesso do exército que tinha saído à campanha em 20 de Outubro de 1657, Lisboa, por António Graesbeack, 1658.
Série dos Reys de Portugal com suas pátrias, idades e mortes, impresso em folha ao largo, sem local de impressão nem data.
Obras Manuscritas
Annuae litterae ex provincia Lusitana R. P. N. Mutio Vitellescho Praeposito Generalis Societatis Iesu missae anno 1629.
Commentarie in Methaphisicam Aristotekis.
Censura a Academia seu Republica Literaria de Bento Pereira, datada de Évora a 20 de Setembro de 1659.
Sitio e Restauração da Cidade de Évora
Estes manuscritos encontram-se espalhados por variados locais: Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Reservados da Biblioteca Nacional, e Arquivo Romano da Companhia de Jesus.
D. Francisco Xavier Aranha
Nascido em Arronches numa data que ainda não tivemos oportunidade de determinar com rigor, formou-se em Cânones na Universidade de Coimbra, sendo familiar do Bispo de Miranda, D. João de Sousa Carvalho. Este parentesco pesou, certamente, na sua nomeação como cónego doutoral da Sé Catedral daquela diocese. Por morte do prelado foi eleito Vigário Capitular, mas teve que enfrentar a oposição declarada de vários cónegos do Cabido, que o desapossaram do cargo. A situação criada só foi resolvida por intervenção real, com a confirmação de Francisco Xavier Aranha no cargo, e com desterro dos seus contraditores. Foi ainda Deão da mesma Sé de Miranda.
É designado coadjuntor de D. Frei Luís de Santa Teresa por Breve de Bente XIV, datado de 13 de Fevereiro de 1754, e nessa qualidade chegou a Olinda, no Brasil, de cuja diocese foi Bispo de 1754 até 5 de Outubro de 1771, data da sua morte.
Dr. Edmundo de Carvalho Curvelo
Edmundo de Carvalho Curvelo nasceu a 18 de Outubro de 1913 na rua d´Élvas, freguesia de Assunção, Arronches. Professor na Faculdade de Letras de Lisboa de 1948 a 1954. Doutor em Ciências Histórico-Filosóficas, especializou-se em Lógica Matemática.
Obras principais: Relações lógicas, psicológicas e sociais da ética (1946); Sobre os fundamentos da lógica (1947); Os princípios da logificação da psicologia ( 1947); Fundamentação epistemológica da Psicologia (1951); Conhecimento cientifico (1952); Decisão e invariância (1953).
Escreveu ainda uma Introdução à Lógica (1943) para trabalhadores-estudantes da Universidade Técnica de Lisboa, fechada posteriormente pelo fascismo, e publicada na Biblioteca Cosmos (ligada a essa Universidade) dirigida pelo grande matemático e marxista Bento de Jesus Caraça.
Morreu em Lisboa, na sua residência, com 40 anos de idade, a 13 de Janeiro de 1954. As circunstâncias da morte não são claras, existindo relatos contraditórios – suicídio, dizem uns, assassinato, referem outros, ora por razões académicas ora por razões políticas. Em todo caso, a causa da morte terá sido asfixia por gás doméstico, no último apartamento que ocupou, na Rua do Telhal, nº 72, 4º Dto., em Lisboa.
Mais informação: http://pt.wikipedia.org/wiki/Edmundo_Curvelo